Num passado próximo, ao se preparar para irem à escola, as
crianças eram alertadas por seus pais: -“Sapecas respeitem sua professora, pois
ela é equivalente a uma segunda mãe!”- diziam eles.
Atualmente, os professores
sofrem (além de injustiças profissionais e trabalhistas) ameaças físicas de
seus alunos, ameaças essas, que muitas vezes se concretizam. Ora! Mas não
podemos esperar respeito às “segundas mães” se nem ao menos as biológicas o têm.
A banalização da civilidade, cidadania, humanidade e da vida é fato consumado e
atuante em nossa sociedade.O honesto e ético é tratado como chato, ingênuo e antiquado,
enquanto aquele que fura fila, burla, mente, engana, é safo, desdenha dos
outros e dissimula é denominado como o esperto, como o que detém a qualidade do
“jeitinho”. Inseridos nessa herança
de mau exemplo por boa parte de nossos governantes, nos enquadramos, convenientemente,
a esse molde social viciado em hipocrisia.
O ser humano capaz de tantas obras magníficas como a própria
Brasília, artes esplendorosas como nas de Picasso, descobertas científicas
espetaculares como a manipulação genética; também é capaz de ser “desumano”. Atenta contra a própria
existência num receptáculo egoísta e perverso referindo-se como algo
prioritário acima de todos e, numa ambigüidade paradoxal, exige seus direitos
de cidadão.
As formas de mídia em geral, em especial a televisão, promovem, em nome da audiência, uma contundente inversão de valores nas suas programações carentes
de cidadania e educação. O chamado “jornalismo verdade”, por exemplo, oferece,
em seus programas sensacionalistas, espaço “promocional” aos criminosos que
mais se destacarem em suas atrocidades cotidianas enquanto aqueles que
verdadeiramente desempenham relevantes serviços são tratados, quando o são, em modestas
citações. Além das telenovelas e músicas de cunho pejorativo que tratam com um
ar de normalidade traições e a falta de pudores num atentado à uma das mais
importantes instituições existentes: a família.
Provavelmente não veremos mais as professoras como “segundas
mães”, contudo, se quisermos disseminar cidadania em nossa sociedade é preciso
trabalhar conceitos como a ética e moral nos lares, escolas, universidades e
mídias em geral; e quando todos priorizarem a todos, poderemos nos intitular civilizados
e “humanos”.
Texto retirado de arquivos pessoais.